quarta-feira, 16 de março de 2011

Um dia eu aprendo e mudo de rumo ♫



"Se me perguntarem como estou, eis a resposta: Estou indo. Sem muita bagagem. Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias. Esvaziei a mala, olhei no fundo dela, limpei, e estou indo ... preenche-la com coisas novas. Sensações novas, situações novas, pessoas novas. Tudo novo."

(Caio Fernando Abreu)

"Fazem meses (semanas haha) que não te vejo, 'que não falo com você'. Não sei se você está bem, se está estudando, se está gostando de outro alguém ou se às vezes ainda sonha comigo. Nada mais sei sobre você, além do que sobrou. Recentemente vi umas fotos suas, o corte de cabelo ainda era o mesmo, o físico, o estilo de roupas. Mas tinha algo diferente, eu sei que tinha, porém, como eu poderia explicar? Era algono seu olhar castanho escuro, como se faltasse algo por dentro de você. Erao formato dos traços do seu sorriso, como se tivesse perdido um pedaço de você...Então lembrei, talvez o que faltava, era o pedaço de você que eu levei comigo, e não consegui te devolver."

PS: Acho que a parte bonita que eu via em você, levei comigo. Hoje não vejo mais, não consigo ver!


(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Nexo, por Ana Jácomo


Olhando daqui, percebo que pessoas e circunstâncias tiveram um propósito maior na minha vida do que muitas vezes, no momento de cada uma, eu soube, pude, aceitei, ler. Parece-me, agora, que cada uma, no seu próprio tempo, do seu próprio modo, veio somar para que eu chegasse até aqui, embora algumas vezes, no calor da emoção da vez, eu tenha me rendido à enganosa impressão de que veio subtrair. A vida tem uma sabedoria que nem sempre alcanço, mas que eu tenho aprendido a respeitar, cada vez com mais fé e liberdade.

O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma. Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura. A gente não precisa de certezas estáticas. A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura. De duvidar até acreditar com o coração isento das crenças alheias. A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos. A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelhece, apesar de tudo o que já viu. É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma. A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, finalmente, viver. A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, florir, esparramar seus ramos, compartilhar seus frutos.

Tudo o que eu vivi me trouxe até aqui e sou grata a tudo, invariavelmente. Curvo meu coração em reverência a todos os mestres, espalhados pelos meus caminhos todos, vestidos de tantos jeitos, algumas vezes disfarçados de dor.

Eu mudei muito nos últimos anos, mais até do que já consigo notar, mas ainda não passei a acreditar em acaso.

(Ana Jácomo)