segunda-feira, 12 de março de 2012

O amor que não durou :/


Por Clarissa Corrêa

"O amor vai até onde tem que ir. Até onde os dois quiserem. Até onde se propuserem a lutar. O amor dura para os fortes, para os que não têm medo de passar por obstáculos, por rotina, por empecilhos, por dificuldades e, também, por infinitas alegrias. Mas para mim ele não durou."

(Trecho de uma crônica do meu novo livro Para todos os amores errados, que será lançado no dia 21 de abril, em Porto Alegre. Ele estará à venda nas melhores livrarias do país.)


Não sei se um dia a gente aprende a amar. É que eu penso assim: estamos aqui para aprender. Viemos ao mundo para aprender e, também, para ensinar. A vida é uma troca bonita. As relações, sejam elas amorosas ou não, são troca. Ganha daqui, perde dali. A cada dia que passa existe um novo crescimento, uma nova evolução. A cada dia nós somos novos, já que mudamos o tempo inteiro.

Não sei se um dia a gente aprende a amar. No meio de tudo, no meio de tanta gente conhecemos alguém especial. Uma pessoa que nos toca. Que nos seduz. Que nos enfeitiça. Então pensamos ser paixão, depois suspeitamos que é amor. Vou contar um segredo: a vida nos oferece as mais variadas paixões. Mas o amor acontece só para quem está com os olhos abertos para ver. É que ele pode até se confundir com a paixão. Mas o amor se baseia no respeito. Na troca. No dia bom e no dia ruim. Mas quer saber quando é amor mesmo? Quando você briga com o outro, discute por uma bobagem qualquer e mesmo assim tem a certeza que ama e que quer aquela vida pra você. A paixão usa máscaras, o amor vem de cara limpa. E ele é tranquilo, seguro. A paixão é queda livre, salve-se quem puder. O amor, não.

Não sei se um dia a gente aprende a amar. O outro tem uma bagagem pesada. E nem sempre você está disposto a desarrumar uma mala que não é sua e colocar tudo no seu devido lugar. Cada um tem um jeito, valores diferentes, criações diferentes, traumas, sonhos, personalidades. É difícil juntar duas pessoas que podem ser parecidas ou diferentes e dizer que elas serão felizes pra sempre.

Que mania essa de colocar a responsabilidade no outro. Que loucura ter esse fardo de ser feliz pra sempre. Ninguém é. Nem a aquela atriz bonitona casada com o ator bonitão. Nem sua vizinha que está sempre bem penteada e maquiada. Nem a apresentadora da TV que tem um casamento aparentemente feliz, dois filhos lindos e está grávida do terceiro. Ninguém é totalmente feliz, só quando posa para a foto da Caras. Todo casal briga, todo casal se estranha, todo casal se magoa. Isso é normal. Mas nem todo casal sabe como dar a volta por cima. Para alguns é mais fácil apertar no stop e dizer chega. Para outros, os que valorizam o amor, o caminho pode ser torto, mas eles querem ir até o fim.

Não sei se um dia a gente aprende a amar. Não existe essa história de um amor e uma cabana. Uma relação é feita de tarefas domésticas, contas pra pagar, jantar para ser feito e roupas para lavar. Uma relação tem muita roupa suja no cesto. E alguém tem que querer lavar, senão não funciona.

Não sei se um dia a gente aprende a amar. É tão difícil, dá medo, é arriscado, é perigoso. Mas é libertador. É necessário. É fundamental. Não sei se um dia a gente aprende a amar. Existem muitos enganos, muitas pessoas que não são certas e aparecem do nada, muitas pessoas que são certas e aparecem na hora errada, muitas pessoas que não são livres e deveriam ser.Não sei se um dia a gente aprende a amar. Tomara que sim. Esses e outros questionamentos, essas e outras histórias você encontra no meu livro Para todos os amores errados*, da editora Gutenberg.


* Trecho do prefácio escrito pelo jornalista e apresentador Pedro Bial: "Fala de amor com clareza e despudor, baixando as calcinhas dos homens e mostrando a cueca das mulheres. Afinal, amor não tem sexo, por mais paradoxal que isso nos pareça."

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